domingo, 1 de março de 2009

Rapidinha a solo por Sicó

Este domingo estava inicialmente destinado a ficar por casa, saboreando a família.

Não obstante o convite do Sérgio para irmos descobrir uns trilhos novos para a zona de Eiras a convite de um conhecido de pedaladas, a preguicite aguda que me atacava no sábado, levou-me a recusar.

Ontem, já noite dentro, um contacto com “ela” para substituir o conta-quilómetros, acabou por despertar o bichinho e a saudade das pedaladas, que não dava desde o ataque ao queijo, já lá vão uns longos 15 dias.

Mas, nada de despertador. Seria o corpo e o espírito a decidirem sozinhos o que iria fazer.
Domingo, 8 horas e 45 minutos, espreitados pelo canto do olho, enquanto se desencadeava uma guerra interna: ir ou não ir?

De um lado aqueles, argumentos, que ficar no quentinho da cama era bem mais aconselhável, que sozinho as pedaladas não têm sabor, que a bike, tem horror a falta de companhia, enfim … a apologia da preguiça e do comodismo.

Mas do outro, esta o Rio dos Mouros chamando, os penhascos acenando, os trilhos espreitando, os cheiros e as cores saltando de monte em monte ou de arbusto em arbusto, as cabras e as ovelhas fugindo da burra.

Ganharam estes!

Devoravas as laranjas, despertado com um café, soltadas as amarras, foi desfraldar pedaladas em direcção a Conímbriga e entrar serra acima, ao som dos pensamentos solitários de uma manhã já avançada.

O rio, agora quase seco, era o repouso de água, pouca e plantas verdejantes e flores de um branco imaculado, assistia ao desfecho de mais um dilema: que caminho tomar: O single ao longo da sua margem, ou aquela subida a partir do Poço, que não fazia faz tempo? Ganhou esta.

As rodas avançavam, saltando vagarosamente de pedra em pedra, ao impulso de cadenciadas e lentas pedaladas, entrecortadas por algumas sessões fotográficas, em que a beleza, os sabores, as cores e os cheiros da serra, da sua fauna e da sua flora, iam sendo registados.
Descobrem-se nos arbustos mimosas flores brancas que, contrastam com o verde-escuro das folhas e o carregado das nuvens que iam tapando o astro rei.

A descida em direcção a Janeanes, faz-se ao sabor descontraído da contemplação da natureza e de reflexões interiores, que só o cruzar com um grupo de companheiros de pedaladas faz abandonar.

Atingida Janeanes, continua-se a subida.

Já de regresso, está o pastor com as suas cabras e ovelhas, serpenteando aquele bonito charco em forma de coração, bordeado de pequenas flores brancas. O estradão, também ele ladeado de frondosos arbustos de brancas flores cobertos, leva-nos até à entrada da Chanca. Os tipos vários de portões saltam à vista. Dos mais rudimentares e frágeis, aos mais seguros e sofisticados, de muitas e variadas formas, cores e materiais.
Na aldeia, cruzamos com habitantes habituados ao cruzar de bikes e bttistas, afáveis no cumprimento, seguindo com o olhar simples e curioso, as nossas pedaladas do momento.

Com o Rabaçal ao fundo, lançámo-nos estradão abaixo, até aquela vista soberba nos fazer parar, para a registar e sobretudo contemplar, enchendo a vista de pequenas casinhas e de uma vegetação feita de minúsculos arbustos.

À esquerda, iniciámos a descida daquele single soberbo que, do alto da serra, nos trouxe até à queijaria tradicional da Legacão e em seguida, até ao Rabaçal e um salto ao seu campo arqueológico, onde um outro tipo de portão nos barrou a entrada.
Ultrapassado Rabaçal seguimos a caminho do Zambujal, enchendo a vista do castanho das folhas e dos troncos daquela floresta que o Outono e o inverno despiram.
Subindo ao Zambujal, a descida em direcção a Póvoa das Pegas faz-se por estrada e a grande velocidade, que a voltinha se aproxima a largas pedaladas do final. Cruza-se a estrada de Tomar, depois a de Miranda e toma-se o trilho que nos leva a Alcabideque.

O regresso a casa faz-se por Conímbriga.
Um último olhar para o vale do Rio dos Mouros, bem seco lá no fundo e para aquela subida onde havia pouco tempo tínhamos começado a nossa divagação.

As saudades da serra começaram logo de seguida. Só o bacalhau assado que me esperava em casa as fez esquecer, ainda que por pouco tempo.

Um destes dias, volto lá … ela não vai perder por esperar, para mais uma …

Volta com elas!
Killas
Agora ... as fotos!

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